sábado, 18 de fevereiro de 2012

Crônicas da Terceira Era - Linhagens - Parte III


Um túnel escuro e escavado de forma  tosca se estendia a frente deles. O som das criaturas tentando forças a passagem atrás deles era constante. Os corações batiam acelerados. Um cheiro de umidade, um ar gelado e o som de gotas ecoava pela passagem. Só havia um caminho a seguir, para baixo e para baixo eles foram.

Seus passos e sussurros ecoavam pelo corredor, que tinha a largura de dois homens, enquanto discutiam o que iriam fazer e se aquele era mesmo o caminho até o vale secreto em que a linhagem de Lupus se escondia. Estalactites e estalagmites  ficavam cada vez maiores quanto mais fundo desciam, até que a inclinação do túnel ficou nula e a umidade aumentou consideravelmente. Provavelmente estavam passando por baixo do Rio Verde naquele momento. Com suas botas e sandalhas escorregando na lama, o grupo viu uma brecha na parede sul da colina, bem quando o caminho voltava a apresentar uma inclinação, dessa vez, para cima.

Ao se aproximarem da passagem, Elmara decidiu examinar melhor para onde ela levava. Um sensação sinistra foi sentida por todos quando a dúnedan adentrou a brecha. Um cheiro de morte e podridão exalava de lá e uma escada estreita, quebradiça e com runas estranhas faziam um caminho para baixo. A aventureira teve certeza que aquele lugar tinha ligação com as forças das Trevas mas ela não tinha tempo, não naquele momento, para investigar a passagem. A companhia seguiu, então, pelo túnel, agora subindo e podiam ver um brilho fraco de claridade acima.

Aos poucos, já podiam sentir uma leve brisa balançar seus cabelos e o cheiro de terra e plantas molhadas os envolveram. O caminho os levou até a lateral norte de uma pequena colina de pedras. Ao saírem pela passagem, se viram em um vale profundo com duas paredes de pedra a leste e oeste. A vegetação ali, ao contrário do resto da floresta ao redor, parecia mais viva, mais verde e menor distorcida. Animais podiam ser vistos sem que tentassem fugir e uma sensação de vida e energia podia ser sentida por todos. No centro do vale havia o que parecia ser uma ruína coberta de vegetação e limo. A companhia achou melhor investigar o local e Drarin e Klandrin foram em direção à ruína. Elmara andou ao redor da construção a procura de sinais da passagem dos lobos pelo local e viu que até pouco tempo haviam diversos lobos por ali.

Os anões adentraram a construção, que parecia uma espécie de pequeno templo, e andaram em direção a uma mesa central quando, de repente, um enorme lobo cinzento pulou por sobre uma pilastra caída e ficou em cima da mesa, rosnando para os dois. Mais uma dezena de lobos saíram de seus esconderijos e começaram a rondar o grupo.

Elmara tentou acalmar os animais e tentou falar com eles em Sindarin, a linguagem dos elfos daquela região. O grande lobo cinzento ao ouvir as palavras da dúnedan mudou sua atitude e passou a analisá-los. Cheirou-os por algum tempo, um a um. Os lupinos estavam desconfiados do grupo mas finalmente os aceitaram quando Elmara mencionou Radagast e o pássaro marrom. Agora, eles tinham algo a pedir dos heróis.

Lupus, o grande lobo, fez um gesto com a cabeça para que os heróis lhe seguissem. Atrás do mesa cerimonial nas ruínas havia uma pilha de pedras que, quando foram removidas, revelaram um vão onde estavam escondidos uma loba branca e seis filhotes. Naquele momento, Lupus se virou para a dúnedan, e grunhiu sons que pareciam com as palavras "vocês, levar, fugir". Elmara, percebendo que o lobo queria que eles fossem embora com os filhotes enquanto ficavam lá para lutar com os wargs, disse que que ficaria lá também e os ajudaria a defender o vale.

No entanto, o lorde dos lobos não quis aceitar a oferta, e balançava a cabeça, negando. De repente, a claridade que banhava aquele vale desapareceu. Uivos sinistros começaram a ser ouvidos vindo de todos os lados. Olhos vermelhos eram vistos do alto das colinas a leste e oeste. Os lobos se agitaram e começaram a se posicionar em volta da ruína, eram mais ou menos vinte, rosnando. Lupus latiu para o grupo e grunhiu o que Elmara entendeu como "Vão, agora!". Pressentindo um massacre, a companhia decidiu por fugir e levar os pequenos lobos e a mãe.


No momento que pegavam os filhotes e colocavam em suas mochilas os wargs começaram a chegar. Dezenas vieram do túnel por onde o grupo chegara. Muitos outros desciam como podiam pela encosta sul. Aerandir e Elmara atiraram flechas contra eles mas, quando um caia, outros tomavam seu lugar. Drarin e Klandrin iam na frente, abrindo o caminho com seus machados. Não haviam muitos wargs vindo da parte norte do vale, por sorte da companhia.

Naquele momento, não podiam pensar em enfrentar dezenas e mais dezenas daquelas criaturas malignas, precisavam encontrar uma forma de sair de lá, salvando a linhagem de Lupus. A companhia se esgueirou por trás de rochedos, árvores e colinas, escapando do olhar dos monstros. Chegaram ao topo do vale, de onde podiam ver o caminho que deveriam seguir para chegar até Rhosgobel, só que haviam wargs lá, esperando por eles.

Talvez fosse o desespero da situação ou a benção das estrelas que brilhavam por sobre as árvores no céu, mas a companhia estava mais focada do que nunca. Os monstros não tiveram muitas chances contra os machados dos anões, a espada do hobbit e os arcos de Elmara e Aerandir. Assim, eles seguiram seu caminho sem muitos problemas, procurando, sempre, estarem escondidos e protegidos de alguma forma.

Quando achavam que já estavam longe o suficiente do vale e que nenhum warg estaria mais atrás deles, tiveram uma surpresa. Um warg negro, enorme, saltou para cima da mãe loba, que fora pega de surpresa. Mais três wargs se aproximaram vindo de trás de árvores, eles estavam perseguindo o grupo há algum tempo e estavam esperando que eles se distraíssem. Porém, novamente, as estrelas abençoaram os bravos heróis, que defenderam os lupinos daqueles monstros de uma maneira formidável. Golpes perfeitos e certeiros botaram as criaturas no chão em pouco tempo. Depois disso, tiveram certeza de que não haviam mais perseguidores em seu encalço.

A partir dali, prosseguiram viajem cautelosamente, procurando abrigos em locais escondidos, sempre prestando atenção em possíveis rotas de fugas caso fossem encontrados. No segundo dia de viajem de volta para Rhosgobel, viram uma coluna de fumaça subindo da direção onde ficava o vale e uivos sinistros ecoando entre as árvores. Ao que tudo indicava, Os lobos da floresta tinham encontrado seu fim, mas a linhagem não tinha sido quebrada. Graças à companhia.

Chegaram na vila dos homens da floresta sobre uma chuva fina, porém persistente. Os homens pressentiram o que tinha acontecido e um ar abatido podia ser percebido em seus rostos. Quando o grupo mostrou que traziam com eles a mãe loba e seis filhotes, um lampejo de esperança brilhou na face de todos. Radagas, o mago marrom, estava esperando por eles e disse que aquilo, apesar de tudo fora uma vitória, a linhagem dos nobres lobos da floresta estava salva, graças a Drarin, Klandrin, Robin, Elmara e Aerandir.

O Mago disse que ainda tinham muito o que conversar. Ele falara com Saruman, o mago branco, lider do Conselho, e aprendera muito sobre o que estaria acontecendo nas Terras Ermas. No entanto, ele disse, aquela não era a ocasião para isso. Tinham que comemorar aquela vitória e fortalecer o espírito, pois tempos sombrios se aproximavam.

Essa história está sendo criada em uma mesa de The One Ring - Adventures over the Edge of the Wild. Cada sessão corresponde a uma parte da história, que se cria e modifica conforme todos os envolvidos decidem o que seus personagens fazem e como eles reagem.

Para ler outras partes dessa crônica ou outras crônicas, clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário