quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Crônicas da Terceira Era - Herumor - Parte IV


A companhia de heróis chegava nos pés das gigantescas Montanhas Cinzentas sobre uma chuva de granizo que congelava suas espinhas. Nem parecia que a poucos dias eles deixaram os vales de Dale sobre um céu ensolarado. De acordo com o mapa que tinham feito ao estudarem o livro nos salões de Mazarbul de Erebor, logo chegariam às ruínas de uma velha estrada que os levariam até a fortaleza no pico Demunkir.

Grandes paredes de pedra escura os flanqueavam enquanto seguiam por aquele caminho traiçoeiro, cheio de pedras soltas e escorregadio devido a chuva de granizo. O cansaço da jornada começava a pesar sobre o ombro de Klandrin, Elmara, Balared e Mikayla, e eles decidiram que era hora de encontrar um abrigo para noite. Depois de descerem por alguns desfiladeiros, o grupo avistou uma enorme boa de caverna, como se um grande monstro estivesse com a boca aberta, de onde um cheiro de umidade e mofo saiam.

A companhia estava prestes a adentrar o local, quando Elmara viu, no fundo da escuridão, dois brilhos sinistros, olhos de uma criatura que os observava. Ela avisou o grupo e, no momento em que eles exitaram, um grunhido alto e grava ecoou pelo desfiladeiro. Rapidamente, na direção deles, uma criatura alta e terrível se aproximava. Elmara, Klandrin e Mikayla não esperaram para ver que monstro era aquele e fugiram dali o mais rápido que puderam. Balared, no entanto, usou sua experiência para achar um esconderijo entre as pedras e observar o que saíria da caverna. Um enorme ser, coberto de pelos brancos, forte, virgoroso, com olhos negros e a face que lembrava um fera. Era um troll do gelo, e ele ferejava o cheiro de seus companheiros. A criatura logo partiu na direção para onde correram, uivando e berrando. Ao longe o som de outros monstros como aquele podiam ser ouvidos em resposta. O beorning, cuidadosamente, seguiu a besta, mantendo uma distância segura e se assegurando que o vento não levasse seu cheiro até ela.

Então, durantes quase duas horas, uma perseguição entre as diversas ravinas entre as Montanhas Cinzentas aconteceu. O grupo fugindo de uma dezena de criaturas sanguinolentas, seus grunhidos ecoando pelas pedras, fazendo parecer que uma gigantesca horda os perseguia. Até que, quando estavam quase congelando de frio, perceberam que não mais escutavam os monstros os perseguindo. Estavam exaustos, com frio, fome e sem os pôneis que carregavam parte de suas coisas. Sem abrigo naquele frio, podiam, muito bem, não resistir àquela noite. Por isso, apesar dos alertas, decidiram por ascender uma fogueira. Seja lá o que eles fossem atrair, seria melhor morrer lutando com o que quer que atraíssem do que de frio. Mikayla, no entanto, não achou a ideia sensata e se afastou para longe das chamas da fogueira.

O sono veio rápido para aqueles aventureiros cansados, mas com ele veio o pesadelo também. No meio da madrugado eles acordaram, com um frio muito forte, mesmo com a fogueira ainda acesa. Uma sombra pairava sobre o acampamento improvisado que fizeram entre as pedras. De repente, o vento que trazia a poeira e as cinzas do Urzal Seco, ao norte, parou, e uma imagem fantasmagórica foi formada. Um homem alto, com trajes rasgados e aparência de um louco. Elmara, que viveu durante anos entre os homens da Cidade do Lago, reconheceu aquele fantasma como o antigo Senhor de Esgaroth, que fugira com o ouro dado pelos anões de Erebor para reconstruir a cidade.

O espírito veio até eles portando uma mensagem, um relato e um aviso. Ele disse que o ouro de Smaug era amaldiçoado e que o fez cego para a vida que tinha e o enlouqueceu. Mas que roubaram o ouro que ele carregara e que agora preparavam uma armadilha para capturar o saqueador rastejante do norte e liberá-lo sobre as Terras Ermas. Ele já não podia fazer nada, mas o aviso estava dado. Com suas últimas palavras o fantasma se desfez com o vento. No mesmo instante, os aventureiros ouviram um rugido distantes, vindo do Urzal Seco, e uma nuvem de fumaça se movendo rapidamente. O que quer que fosse aquilo, era grande.

Imediatamente eles perceberam o que estava para acontecer. O Inimigo planejava usar o ouro amaldiçoado para atrair o Dragão e usar o Artefato de Angmar para controlá-lo. Ao que tudo indicava, o plano da Trevas estava funcionando, pois um grande ser estava vindo naquela direção. Mikayla, que tinha se afastado, agora retornava, pois também vira a movimentação da criatura. Depois de ter se inteirado dos acontecimentos, ela se lembrou que os Dragões passaram milhares de anos sobre o controle das Sombras e, depois de conseguirem sua independência, abominam a ideia de serem dominados novamente. Talvez, pensou era, possa ser possível convencer o Dragão a não ir em direção ao ouro, afinal, já ouviram histórias de um hobbit que conversara com Smaug.

Então, Elmara puxou a Pedra Estrela de sua mochila e pediu para Varda que ela brilhasse o mais forte possível. Uma luz forte, branca e quente os envolveu. A grande nuvem que se movia pareceu parar por um segundo e mudar seu curso, indo diretamente até eles. Em pouco tempo já sentiam um cheiro terrível de podridão e de morte. Sem demorar muito, uma enorme lagarto de escamas de cor prateada fosca surge, com uma espécie de coleira gigante de ferro, de onde pendiam os restos de uma grande corrente. Seu bafo era horroroso, e ele parou por alguns segundos examinando os aventureiros.

- Anões, elfos e homens nas Montanhas Cinzentas? O que fazem aqui e por que chamaram minha atenção? Não querem morrer de frio e preferem ser devorados?

Elmara, sabendo que ao se tratar uma besta como aquela deveria ser cuidadosa e polida, se apresentou cordialmente, enaltecendo o monstro. De repente, sem pensar muito, Klandrin se aproximou da criatura com galanteios, mas foi brutalmente atacado e jogado para longe. Dragões e anões sempre foram inimigos mortais e, provavelmente, aquele não queria conversar com um anão. Apesar do susto, o grupo tentou não se desesperar. Irritar aquela besta, naquele momento, poderia ser fatal para todos.

Assim, Elmara, apesar de suas maneiras rústicas, passou a explicar o que acontecia. Contou sobre o ouro amaldiçoado de Erebor, que agora estava sendo usado para atrair o Dragão até ali. Falou sobre o artefato que seria utilizado para controlá-lo e, apesar de não querer acreditar, o dragão sentia que uma magia estranha o atraía, e que talvez aquilo fosse verdade. No final, o grupo fez um acordo com o monstro. Eles iriam até a fortaleza usada pelo Inimigo para retirar o artefato e destruí-lo, deixando todo o ouro para o dragão que viria depois. E, assim, ainda exitante, o dragão voltou a descer as montanhas, de volta para o Urzal Seco, onde aguardaria a hora de retornar.

Assim que a besta se foi, Balared, Elmara e Mikayla foram ver como estava Klandrin, que fora jogado longe, contra as pedras das Montanhas Cinzentas. O anão estava desacordado e ferido, mas ainda vivo. Elmara e Balared, que tinham conhecimentos herbalísticos e de cura, usaram as poucas ervas que tinham em suas mochilas para ajudá-lo a se recuperar. Foi preciso algumas horas de cuidado para que ele finalmente recobrasse consciência.

Já era dia quando eles se puseram de pé, novamente. Do outro lado de uma montanha viam uma fumaça escura subindo, como se findo de uma enorme chaminé. Era para lá que, provavelmente, ficava o forte que procuravam, e foi para lá que seguiram, alcançando o Pico de Demunkir no final do dia. Nele fora construída uma fortificação com diversos andares e entrada e saídas.
Dezenas de orcs estavam no local, guardando as entradas principais. Elmara lembrou que já ouvira falar sobre essas fortalezas do povo de Durin e disse ser possível encontrar uma passagem secreta. O leito de um pequeno riacho corria ao lado e abaixo da fortaleza, sem ser vigiado. Por ali seguiram os aventureiros, a procura de alguma passagem.

Foi então, que por breves segundos, a lua refletiu sobre as aguas que mostravam o reflexo de uma parede de pedra. Na imagem eles viram haver o desenho de um portal, com os dizeres "um machado polido, três vezes". Klandrin parou para pensar um pouco e bateu com o lado de seu machado, levemente, três vezes sobre a porta. Imediatamente a mesma começou a deslizar para o lado, abrindo passagem para um corredor pequeno, de pedras quadradas e lisas. No final dele, o grupo pode ver uma outra porta de pedra, e por trás dela ouviram o barulho de  passos. Eles tinham entrado na fortaleza em segredo, mas estavam cansados demais para continuar naquela noite. Dormiriam na passagem secreta, em segurança, aquela noite e agiriam pela manhã, quando os orcs estariam em desvantagem.

Essa história está sendo criada em uma mesa de The One Ring - Adventures over the Edge of the Wild. Cada sessão corresponde a uma parte da história, que se cria e modifica conforme todos os envolvidos decidem o que seus personagens fazem e como eles reagem.

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