terça-feira, 29 de abril de 2014

Jogador contra Jogador - Pode isso?

Já estamos carecas de saber que o RPG é um jogo social de criar e vivenciar histórias de caráter colaborativo. Em sua forma mais comum, os jogadores interpretam personagens que são aliados e se ajudam para alcançarem um objetivo comum. E isso é muito bom, estimula o trabalho em equipe e permite que todos tenham um experiência satisfatória, sem ninguém se sentir perdedor no jogo.

Mas, às vezes, pode ser interessante a existência de um conflito entre os jogadores. Algo que os façam tomar escolhas difíceis e crie drama interna no grupo. Um ladino tendo que escolher entre se manter fiel ao seus amigos ou conseguir as riquezas que tanto almeja. Um feiticeiro tendo que escolher entre levar seus companheiros a uma armadilha em troca do conhecimento de magias antigas ou contar toda a verdade sobre o que viu. Essas situações trazem mais profundidade à narrativa e ajudam a responder perguntas sobre os personagens, tornado-os mais reais em nossas mentes.

Entretanto, como quase tudo na vida e no RPG, é preciso ter moderação e saber lidar com essas situações. Conflitos demais podem acabar com o grupo de personagens e fragmentar a trama de tal forma que fique impossível conduzir o jogo individualmente para cada jogador. Além disso, algumas pessoas podem interpretar essas situações na mesa de tal forma que reflitam os conflitos no mundo real, ficando chateadas ou mesmo irritadas com outros jogadores. Sendo assim, é preciso tomar alguns cuidados para introduzir esses elementos no seu RPG.

É só um jogo: É importante que todos na mesa tenham a consciência de que tudo que acontecer na narrativa faz parte apenas do jogo e tem o intuito de deixar a história mais interessante. Antes do jogo, converse com os jogadores e deixe-os cientes que situações assim podem acontecer na mesa e que isso pode deixar o jogo mais interessante e dramático. Assim, quem não quiser ter esse tipo de experiência pode ou se abrir a ela ou se retirar antes que algum problema surja.

Que faça sentido na história: Outra coisa importantíssima, é fazer com que esses conflitos internos façam sentido dentro da história sendo criada. Traição e intriga pelo simples prazer de causar confusão e briga que alguns jogadores possuem (sim, estou falando com você) não são legais e acabam com o jogo rapidamente. Essas situações devem ser alinhadas com as motivações e históricos dos personagens, além de serem proporcionais ao que eles desejam e à maneiro como agem. Matar outro personagem apenas porque ele ficou devendo 10 mp para seu personagem não faz muito sentido, pelo menos não para um aventureiro da maioria dos jogos que eu conheço.

Fazer escolhas: Essas situações devem levar os personagens a fazer escolhas difíceis que respondam a perguntas interessantes sobre eles próprios. O que eles valorizam mais, a própria vida ou a vida de pessoas inocentes, já que se diz um defensor da justiça e da bondade? Ele venderia a vida de um "amigo" para obter riquezas ou poder? Ele é realmente tão cruel como tenta parecer ou só tenta passar essa imagem? Ele largaria a importante tarefa que está fazendo para ajudar um companheiro que se meteu em uma "roubada"?

Dentro do jogo: Aconteça o que acontecer, mantenha o foco do conflito dentro do jogo. Se você perceber que alguém está refletindo os conflitos do jogo para fora dele e ficando irritado/chateado por causa disso, pare imediatamente e converse com essa pessoa e com a pessoa que a está, supostamente, deixando-a irritada. É importante deixar claro que isso é só um jogo e que outras situações surgirão que ele poderá estar do outro lado da intriga/traição, não havendo nada pessoal no que está acontecendo. Mesmo assim, se o jogador não se acalmar, é melhor parar o jogo como está de deixá-lo pensar e se acalmar, voltando ou não ao jogo depois disso.

Jogadores com problemas pessoais: Se você quiser jogar um jogo assim, com esses elementos de conflito entre os jogadores, evite ao máximo colocar na mesma mesa pessoas que podem ter problemas pessoais entre si. Isso vai evitar que a briga entre os personagens seja transportada para uma briga entre os jogadores. Então se você sabe que um amigo seu adora falar mal de alguma coisa, por exemplo, e outro jogador é muito ligado a essa coisa, não os chame para a mesma mesa.

Com esses cuidados e preparativos, não há porquê esses conflitos entre jogadores não possam fazer parte da sua mesa de jogo. No último sábado eu mestre uma aventura de DCC RPG em que as intrigas e conflitos começaram desde o princípio da aventura e havia diversas situações em que o grupo era testado em sua lealdade (que aliás resistiu até o último minuto). E vocês, qual a experiência que tem com esse tipo de situação?

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