sexta-feira, 11 de julho de 2014

Indo no Templo procurando Cura (e outros auxílios)

Um dos momentos clássicos de jogos de RPG é aquele em que os jogadores revolvem volta à cidade próxima para procurar clérigos em templos a fim de receberem cura. Isso pode acontecer quando o grupo não possui nenhum personagem capaz de curá-los, ou quando o mesmo morreu em aventura, ou simplesmente não tem tantas magias de cura disponíveis.

Mas será que é tão simples assim aparecer na porta de um templo em busca de ajuda e cura e ser rapidamente ajudado por um prestativo sacerdote? Será que se isso fosse tão simples os templos não ficariam lotados de fiéis buscando ajuda e cura para todo tipo de mal que os aflige? E será que todo sacerdote que fica nos templos é capaz de invocar magias divinas e milagres? Sem falar no fato que eles, geralmente, só podem fazer isso algumas vezes por dia (isso se o sistema for vanciano) ou cada invocação pode trazer consequências.

Confesso que eu já fui bastante leviano com isso e seguia as regras de alguns livros, tratando isso com um simples comércio de magia. O personagem chegava lá, pagava, sei lá, 100 moedas de ouro e ganhava uma magia de cura (ou mais dependendo do tipo de magia). Sempre me senti pouco a vontade com isso, achando que o favor dos deuses não era pra ser algo tratado como simples comércio (embora isso pareça bastante comum hoje em dia), mas tudo bem. Foi só com o passar dos anos e com o refinamento do jogo e compromisso com uma verossimilitude de cenários que eu comecei a mudar isso. Geralmente eu faço algumas ponderações.

Disponibilidade de Clérigos: Será que todos os sacerdotes de uma igreja ou religião são Clérigos com poderes divinos e capacidade de invocar magias? Será que um Clérigo é tão comum assim ou a capacidade de se comunicar diretamente com uma divindade e canalizar seus poderes é algo raro e especial? Considere isso da próxima vez que os jogadores forem em busca de ajudas. Eu acredito que indivíduos com esse poder sejam bastante raros e a maioria do clericato de uma igreja é composta de sacerdotes que creem e estudam os ensinamentos da divindade mas não possuem uma ligação forte com os Deuses. Cidades pequenas, então, raramente terão um Clérigo residente, mas possivelmente terá esses sacerdotes normais. Agora, tendo um Clérigo no templo, o quão poderoso ele é e com que frequência ele fica lá e atende a demandas de fiéis ou "aventureiros desesperados"? Clérigos capazes de conjurar "Curar Ferimentos Leves" é mais comum (apesar de ainda altamente incomum) que aqueles capazes de ressuscitar personagens, e eles, provavelmente, não estarão no Templo o tempo todo e podem estar ocupados. Isso tudo sem falar nas religiões falsas e sacerdotes farsantes, né?

Demanda de Enfermos: Em um mundo de fantasia em que a crença em Deuses é algo comum, Clérigos tem poder de cura, e hospitais são raros, a procura por ajuda espiritual deve ser bastante grande, ainda mais com uma população que não tem muitos recursos. Dessa forma, quando os aventureiros forem a um templo procurando uma cura rápida para seus problemas, qual a probabilidade deles serem prontamente atendidos? Quantos enfermos, deficientes ou mesmo feridos do dia a dia de trabalho estariam nas portas dos templos implorando ajuda? Será que os poucos clérigos que lá estão (se é que há algum) conseguiriam atender a todos a não ser por uma prece e benção rápida para cada? Quem vai julgar quem é mais importante e quem merece mais as poucas magias de cura que o Clérigo teria por dia?

Crença dos Personagens: E será que é tão simples buscar ajudar em um Templo assim? Será que as magias que os Clérigos tiverem lá não seriam reservadas apenas para aqueles mais fiéis seguidores da religião? Como os personagens provariam ser dignos de uma benção ou milagre desses? A crença e a religiosidade dos personagens podem e devem fazer a diferença na hora que eles forem procurar ajuda divina. No Dungeon Crawl Classics RPG, um clérigo que cura um personagem de uma divindade diferente e com propósitos opostos desagrada seu Deus e corre o risco de ser castigado. De maneira geral, os sacerdotes não vão gastar os poucos milagres que conseguem conjurar por dia a não ser que eles tenham certeza de que os personagens são dignos e fiéis à sua divindade ou acreditarem que podem converter os aventureiros.

Doações Necessárias: Sendo aventureiros e tendo acesso a tesouros, ouro e relíquias, é natural que os sacerdotes esperem por uma retribuição caso ajudem os personagens. Eu, particularmente, não faria com que um Sacerdote cobrasse abertamente por isso (embora, tendo em vista inspirações de nosso mundo real, isso não seja impossível), mas com certeza ele mencionaria doações e retribuições por bençãos concedidas. Se os aventureiros buscassem ajuda mais vezes sem nunca contribuir apropriadamente, ele não obteriam ajuda.

Reputação dos Personagens: A reputação dos aventureiros também pode ter influência na facilidade ou dificuldade com a qual obtêm ajuda do clero. Dependendo da igreja e sua crença, personagens mais conhecidos e famosos podem obter ajuda mais facilmente ou podem até ser impedidos de frequentar o Templo. Um bárbaro famoso por sua fúria e amor pela batalha dificilmente receberia ajuda de um Clérigo de um Deus da paz e harmonia. Da mesma forma, um Sacerdote da divindade da justiça, honra e nobreza dificilmente ajudaria um ladrão pé de chinelo.

Possibilidade de Cura Normal: Outra questão é. O quão necessária é a Cura Mágica para aquela situação. Se os personagens chegaram de algum lugar e não tem uma razão muito convincente para que sejam curados magicamente e rapidamente, os sacerdotes podem apensa lhes receitar curas mundanas, ervas, curativos e orações. Isso com certeza já vai ajudar. Chamar pelo poder dos Deuses para qualquer arranhãozinho não é muito apropriado, os Deuses não merecem ser incomodados a todo momento por pequenos problemas.

E vocês? Como lidam com isso nas suas mesas? Levam em consideração algumas dessas coisas ou outro aspecto que eu esqueci de mencionar por aqui?

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