terça-feira, 29 de julho de 2014

Os Deuses em seu Cenário de Campanha

Nos jogos de fantasia, tão tradicionais no nosso hobby, quase sempre existem indivíduos capazes de canalizar a energia divina e transforma-la em verdadeiros milagres. Seriam esses clérigos verdadeiros santos encarregados de fazer valer a vontade dos Deuses no mundo mortal ou apenas outro tipo de feiticeiros que realizam seus feitiços acreditando, ou fingindo, que estão fazendo isso em nome de seus senhores?

Qual será o verdadeiro papel dos Deuses nisso tudo? Será que eles existem de fato? E se existem, será que eles tomam partido e prestam atenção no que meros mortais fazem em seu nome ou contra ele? Ou será que eles se mantêm distantes e indecifráveis, tendo a eles atribuídos uma série de dogmas que jamais impuseram sobre os fieis? A maneira como esses vários aspectos interagem no cenário de campanha pode dizer muito sobre como a magia dos clérigos funcionam e o papel das igrejas e religiões no mesmo. Sendo assim, há várias possibilidades, sobre as quais falarei um pouco abaixo.

Os Deuses existem e são presentes: Os Deuses nesse mundo são reais, possuindo o poder de conceder milagres e ajudar seus fiéis. Os clérigos são capazes de se comunicar com suas divindades, invocam a ajuda delas e realizam magais em seu nome. Por outro lado, essas divindades tem conhecimento do que acontece no mundo mortal e tomam conta de seus fiéis, protegendo-os e punindo-os quando necessário. Sendo assim, um clérigo deve ater-se aos dogmas da sua religião e respeitar os preceitos do seu Deus ou ser punido por ele, podendo perder todos os seus poderes. As religiões, de forma geral, não desviam dos ensinamentos de seus Deuses, pois estes possuem influência direta e podem intervir nas mesmas de diversas formas.

Os Deuses existem mas são ausentes: Nesses mundos, os Deuses são reais mas distantes de seus adoradores e não tomam partido direto de seus afazeres. Talvez eles não sejam permitidos a interagir com o plano mortal por algum tratado antigo ou mesmo não se interessem pelas vidas de seres tão insignificantes como nós. Mesmo assim, alguns indivíduos são capazes de entrar em um estado transcendental, se alinhando com a energia cósmica dessas entidades e realizar milagres e invocar magias delas. Nesse cenário, as religiões e igrejas não são "vistoriadas" pelas divindades que adoram e criam seus próprios dogmas e procedimentos de acordo com a crença que desenvolvem. Religiões distintas podem adorar o mesmo Deus e conseguir se ligar a ele de maneiras diferentes, podendo entrar em conflito com isso. A atuação dos clérigos e sacerdotes não é vigiada pelo Deus e eles não correm um risco tão grande de perder seus poderes por apenas desviar dos dogmas da igreja (seria preciso um grande desvio de filosofia geral para que eles perdessem seu alinhamento cósmico com a divindade).

Os Deuses não existem: Nesses cenários, Deuses não existem ou, pelo menos, não existem como o esperado (não são seres que fornecessem desejos e milagres a mortais). Caso haja clérigos nesses mundos, seus poderes advêm não de um Deus mas de uma outra força. Talvez a própria fé (ainda que cega) desses indivíduos seja capaz de manifestar milagres e magias. Talvez isso até seja uma forma de poder psiônico ou uma espécie de feitiçaria diferente da tradicional arcana. Dessa forma, as igrejas e instituições religiosas são criações unicamente humanas e sem base espiritual alguma, mesmo que seus fiéis acreditem fielmente em seus dogmas. Isso abre espaço para instituições altamente manipulativas e dezenas de sub-cultos que interpretam as "escrituras" de forma diferente. Da mesma maneira, os poderes dos clérigos não seriam afetados por seu comportamento e podem agir conforme acreditam que devem se comportar. É claro que também existe a possibilidade de não existirem nenhum tipo de clérigo e aqueles sacerdotes que, supostamente, realizam milagres seriam apenas feiticeiros.

Uma mistura dos métodos acima: É, obviamente, possível que, em um mundo de campanha, existam diversas crenças e religiões que misturam todas as abordagens acima. Poderão existir Deuses que são mais ativos e tomam partido de seus cultos com grande frequência ao lado de outros que ignoram seus fiéis mas que permite que certos indivíduos canalizem seus poderes. Ao mesmo tempo, existiriam cultos e religiões falsos, criados por uma fé "infundada" ou mesmo para manipular fiéis ingênuos em busca de poder e riqueza. Cultos a seres infernais também são possíveis e poderiam conceder poderes em troca de sacrifícios e outras coisas.

Enfim, esses são os exemplos mais comuns e que me vem à cabeça no momento. Eu, particularmente, acabo adotando uma abordagem misturada, sendo a maioria dos Deuses se encaixando na segunda ou terceira opção. Não sei porque, mas Deuses muito ativos e presentes me deixa um pouco desconfortável, pois parece tirar um pouco a importância dos mortais no jogo como um todo, mas há como balancear isso um pouco, certamente. E vocês? Como são os Deuses de seus jogos?

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